O circo está armado em qualquer lugar e em lugar nenhum. Quem fala é o apresentador, mágico, palhaço e também malabarista! Do centro do picadeiro e, vejam! As luzes da ribalta! Ou será o sol nascendo? Aqui estamos abertos num momento de nuance entre o crepúsculo e a alvorada. Bom espetáculo a todos.
terça-feira, 7 de agosto de 2012
Dos Males do Ser Humano - Finale: Da Maldade
Não se sabia se era o crepúsculo ou a alvorada. O abandono de um caminho o tornava com cores fantasmas. Só havia a quietude ali, mas um tipo de quietude como se outrora tivesse existido o riso, as cores e o movimento.
Parou de olhar para frente por um tempo; era muito difícil encarar o Mundo desta maneira. Levantou-se do campo, desfez-se dos arados e das espadas, e seguiu de volta para casa
E a vida, lá fora, seguia como se nada tivesse acontecido.
segunda-feira, 6 de agosto de 2012
Dos Males do Ser Humano VII: A Mentira
Tudo quanto fosse verdade. Tudo quanto fosse clareza. Tudo quanto fosse aquela luz que brilharia ali, mais do que todas as outras, em meio a uma multidão perdida, e perseguida pela própria sombra, esquecida, de dias atrás...
A dor que lhe causava tamanho martírio não poderia ser outra. A menina dançava sozinha por um momento, com os lábios voltados ao vento, negligenciando pensamentos e relembrando cada cenário como se fosse um flash, um filme partido que se repete no mesmo ponto.
A cena do acaso.
Deu meia volta e pôs-se novamente além das montanhas! Assim foi mais uma vez o Sol, vibrante, trazendo a imensidão da quietude. A noite. E nesta noite viajava cada vez mais como um prisioneiro de sua própria lembrança, de seu próprio acaso. E sua própria verdade.
Assim descobriu a mais dura de todas as dores, o mais escuro de todos os quartos, perdidos em sua mente tão cansada e bêbada de um sono que jamais gostaria de acordar. O sono que trouxe aquele sonho de que tudo era tão perfeito e errado, tão completo, tão belo, tão amável... E verdadeiro.
No outro dia pediu perdão a si mesmo pela mentira, e jurou jamais tornar a repeti-la.
E assim fazia todas as noites, como num ritual de auto mudança, mas que nunca mudava de fato o que lhe vinha por dentro como sendo sempre essa dor tão... Necessária.
A dor que lhe causava tamanho martírio não poderia ser outra. A menina dançava sozinha por um momento, com os lábios voltados ao vento, negligenciando pensamentos e relembrando cada cenário como se fosse um flash, um filme partido que se repete no mesmo ponto.
A cena do acaso.
Deu meia volta e pôs-se novamente além das montanhas! Assim foi mais uma vez o Sol, vibrante, trazendo a imensidão da quietude. A noite. E nesta noite viajava cada vez mais como um prisioneiro de sua própria lembrança, de seu próprio acaso. E sua própria verdade.
Assim descobriu a mais dura de todas as dores, o mais escuro de todos os quartos, perdidos em sua mente tão cansada e bêbada de um sono que jamais gostaria de acordar. O sono que trouxe aquele sonho de que tudo era tão perfeito e errado, tão completo, tão belo, tão amável... E verdadeiro.
No outro dia pediu perdão a si mesmo pela mentira, e jurou jamais tornar a repeti-la.
E assim fazia todas as noites, como num ritual de auto mudança, mas que nunca mudava de fato o que lhe vinha por dentro como sendo sempre essa dor tão... Necessária.
Da Criação do Universo
E Deus disse: que haja Luz.
E tudo mais quanto era Escuro transfigurou-se!
E nada mais de vazio haveria em tudo que era Silêncio...
Do Escuro - trevas – se fez o Espírito universal,
E tudo mais surgiu como se cingido,
E nada mais poderia ter clareza.
Nada.
Nascido do silêncio,
Ou cheio dele...
Eis todo aquele incrível e adverso
Universo.
quinta-feira, 2 de agosto de 2012
O Ladrão e a Vendedora de Rosas
Peça de teatro composta pelo gato Drake Augustus.
Palco vazio. Penumbra. Um fio de luz marca a cena no canto direito.
Entra uma garota com um cesto cheio de rosas.
VENDEDORA DE FLORES: Oh, dia! Oh, vida! Será que é tão difícil ganhar a vida com ofício tão delicado? Por que me sobra este fardo, ter que vender flores tão frágeis durante inverno tão rigoroso?
Entra um homem, encapuzado, vestindo túnica cinza.
LADRÃO: Droga! Com mil demônios, onde foi que enterrei...
VENDEDORA DE FLORES: Com sua licença, senhor... Gostaria de comprar flores?
LADRÃO: Flores? Num inverno como este? Pra que diabos eu compraria flores... Num inverno como esse!?
VENDEDORA DE FLORES: Não sei, quem sabe para alegrar a casa... Ou dá-las para alguém...
LADRÃO: Bem, eu até poderia, mas no momento estou ocupado numa missão importante.
V.D.F. (abreviemos): De que se trata?
LADRÃO: De que importa?
V.D.F: Não seja rude. Curiosidade.
LADRÃO: Lamento informá-la de que se trata de uma missão secreta e de alto risco.
V.D.F.: Hmm... Eu bem preferia uma vida secreta e de alto risco a vender flores.
LADRÃO: Não diga bobagens. Você nem sabe do que se trata.
V.D.F.: Bem, eu poderia saber do que se trata caso você tivesse a consideração de me explicar. Na verdade, sei que sequer nos conhecemos, mas devo informá-lo que tenha uma prima que tem uma amiga que mora há umas dez quadras daqui, que uma vez contou para uma outra amiga dessa minha prima, na verdade não exatamente esta minha prima, mas uma outra que também mora há dez quadras daqui, mas para o lado norte, e não para o lado sul... Ou seria oeste? Sei que enquanto vendia estas flores...
LADRÃO: Inferno! Inferno! Você não para de falar! Estou ocupado!
V.D.F.: ... mas só para completar, enquanto esta minha amiga, que na verdade é amiga desta minha prima...
LADRÃO: Tudo bem! Já entendi. Quanto é pra me deixar em paz? Essa cesta toda?
V.D.F: Bom, a cesta toda custam-lhe apenas duas peças de prata, meu senhor.
LADRÃO: Tome esse saco de moedas. Aqui com certeza deve haver bem mais que isso. Agora vá e deixe que eu me concentre.
V.D.F.: Oh, meu bom senhor! Muito obrigada! Agora já posso voltar pra casa e certamente hoje não preciso encarar a surra que meu pai me dá todas as noites.
LADRÃO: Seu pai lhe dá uma surra todas as noites por não conseguir vender as flores?
V.D.F.: Na verdade, não. É que costumo chegar um pouco tarde sempre, sabe? Desde que não consigo controlar meu alcoolismo, fica sempre difícil voltar pra casa depois de um dia ruim de trabalho.
LADRÃO: Você é alcoólatra?
V.D.F.: Sim, na verdade, não é bem alcoolismo, é mais um vício simples por entorpecentes que adquiri quando precisei encarar o fato de minha mãe fugir para Havana com um maquinista. Se bem que não posso exatamente chamar de vício, faz uns 10 anos que uso esses entorpecentes todos os dias e nunca me viciei.
LADRÃO: Querida, vá se tratar. Você precisa se tratar. E eu preciso ir embora. Até nunca mais (sai).
V.D.F.: Mas vender flores faz parte do tratamento...
Palco vazio. Penumbra. Um fio de luz marca a cena no canto direito.
Entra uma garota com um cesto cheio de rosas.
VENDEDORA DE FLORES: Oh, dia! Oh, vida! Será que é tão difícil ganhar a vida com ofício tão delicado? Por que me sobra este fardo, ter que vender flores tão frágeis durante inverno tão rigoroso?
Entra um homem, encapuzado, vestindo túnica cinza.
LADRÃO: Droga! Com mil demônios, onde foi que enterrei...
VENDEDORA DE FLORES: Com sua licença, senhor... Gostaria de comprar flores?
LADRÃO: Flores? Num inverno como este? Pra que diabos eu compraria flores... Num inverno como esse!?
VENDEDORA DE FLORES: Não sei, quem sabe para alegrar a casa... Ou dá-las para alguém...
LADRÃO: Bem, eu até poderia, mas no momento estou ocupado numa missão importante.
V.D.F. (abreviemos): De que se trata?
LADRÃO: De que importa?
V.D.F: Não seja rude. Curiosidade.
LADRÃO: Lamento informá-la de que se trata de uma missão secreta e de alto risco.
V.D.F.: Hmm... Eu bem preferia uma vida secreta e de alto risco a vender flores.
LADRÃO: Não diga bobagens. Você nem sabe do que se trata.
V.D.F.: Bem, eu poderia saber do que se trata caso você tivesse a consideração de me explicar. Na verdade, sei que sequer nos conhecemos, mas devo informá-lo que tenha uma prima que tem uma amiga que mora há umas dez quadras daqui, que uma vez contou para uma outra amiga dessa minha prima, na verdade não exatamente esta minha prima, mas uma outra que também mora há dez quadras daqui, mas para o lado norte, e não para o lado sul... Ou seria oeste? Sei que enquanto vendia estas flores...
LADRÃO: Inferno! Inferno! Você não para de falar! Estou ocupado!
V.D.F.: ... mas só para completar, enquanto esta minha amiga, que na verdade é amiga desta minha prima...
LADRÃO: Tudo bem! Já entendi. Quanto é pra me deixar em paz? Essa cesta toda?
V.D.F: Bom, a cesta toda custam-lhe apenas duas peças de prata, meu senhor.
LADRÃO: Tome esse saco de moedas. Aqui com certeza deve haver bem mais que isso. Agora vá e deixe que eu me concentre.
V.D.F.: Oh, meu bom senhor! Muito obrigada! Agora já posso voltar pra casa e certamente hoje não preciso encarar a surra que meu pai me dá todas as noites.
LADRÃO: Seu pai lhe dá uma surra todas as noites por não conseguir vender as flores?
V.D.F.: Na verdade, não. É que costumo chegar um pouco tarde sempre, sabe? Desde que não consigo controlar meu alcoolismo, fica sempre difícil voltar pra casa depois de um dia ruim de trabalho.
LADRÃO: Você é alcoólatra?
V.D.F.: Sim, na verdade, não é bem alcoolismo, é mais um vício simples por entorpecentes que adquiri quando precisei encarar o fato de minha mãe fugir para Havana com um maquinista. Se bem que não posso exatamente chamar de vício, faz uns 10 anos que uso esses entorpecentes todos os dias e nunca me viciei.
LADRÃO: Querida, vá se tratar. Você precisa se tratar. E eu preciso ir embora. Até nunca mais (sai).
V.D.F.: Mas vender flores faz parte do tratamento...
Fim.
Sem mais.
Escritos de Viagem No. 3
Andava pra lá e pra cá, insone, desesperado. Não sabia se a angústia o levara a caminhar através das trilhas que outrora o levavam ao Circo, ou se andava diante do cerco que mesmo criara para tentar conter a própria ansiedade.
De certo que andava meio triste, e mesmo que andasse do anoitecer até os primeiros raios da alvorada, só pra ver toda aquela cor retornar ao Mundo, não sabia exatamente se seria por vontade própria, ou apenas fruto de suas andanças. Anseio por viagem.
E é fato que andou pensando em desistir de segurar as rédeas.
Mas o mundo anda tão complicado...
De certo que andava meio triste, e mesmo que andasse do anoitecer até os primeiros raios da alvorada, só pra ver toda aquela cor retornar ao Mundo, não sabia exatamente se seria por vontade própria, ou apenas fruto de suas andanças. Anseio por viagem.
E é fato que andou pensando em desistir de segurar as rédeas.
Mas o mundo anda tão complicado...
Dos Males do Ser Humano VI: Um Silêncio
Um silêncio se deu, de súbito.
Um abrupto momento em que o sol deixou de se refletir na água que ele tanto admirava. Era isto mesmo; água e fogo. O som... E o silêncio. E o Circo Imaginário era tudo o que se queria que fosse.
O entardecer da felicidade.
E a alma que acorda tarde, vestida de liberdade.
Um abrupto momento em que o sol deixou de se refletir na água que ele tanto admirava. Era isto mesmo; água e fogo. O som... E o silêncio. E o Circo Imaginário era tudo o que se queria que fosse.
O entardecer da felicidade.
E a alma que acorda tarde, vestida de liberdade.
sexta-feira, 1 de julho de 2011
Sobre o Sol...

E então, depois de caminharem por todo aquele campo, vasto e lânguido, decidiram parar, sentar e contemplar o céu. Era a primeira vez que sentiam aquela necessidade de permanecer em silêncio, e olhar para o infinito, e de simplesmente estar ao lado um do outro, sentindo a presença sem interagir de fato. Mas interação havia...
De longe percebia-se ali, nos campos aos arredores do Circo Imaginário, que havia uma ligação, um elo, uma semelhança, talvez. Era dolorosamente inexplicável. O que aliviava era a presença um do outro...
O sol corria depressa. Como num escrito que tantas vezes repetidamente lera durante a noite, falando de todas as histórias de amor sobre a noite e o dia. E ali estavam... No sonho. Há tempos juntos, há tempos caminhando, sentados e contemplando a luz se esvaindo pelo horizonte. O frio e o negro cobrindo o mundo como um manto, mas eles não estavam muito lá interessados com aquelas sensações de temperatura (ou temperamento)!
Era estranho ficar só.
A lua já estava em seu posto; outrora inverno no País do Por do Sol, ou noite no Circo Imaginário... O lugar, realmente, tanto fazia... Tanto fazia também em que tempo estavam... Mais importante que tudo isso era que, entre o amanhecer e a alvorada, entre o pôr do sol e o surgimento da lua... Ali estavam.. Eternos amantes, eternos e amantes.
(Alguém, no fundo, como noutra vez, ria baixinho...)
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