quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Dos Males do Ser Humano III: Indiferença


De manhã cedo... Ela acordou. A menina que dançava sozinha na noite anterior... Mas hoje ela não acordou pro Sol. Não acordou para trabalhar e nem para sua dança.

O circo estava cinza-pálido... Névoa, dia nublado.

Nuvens ou a fumaça dos palhaços que fumavam, jogavam pôquer e dormiram de tanto beber depois do espetáculo... Ou o cinza de alguém que simplesmente esqueceu de pegar a aquarela para pintar a alvorada?

Não sabia exatamente o que responder... E também nem se importava. O dia avançava e seguiam as horas... O tempo passava e era apenas mais uma piada naquele circo. O Tempo.

O Tempo ali não passava nunca...

E a menina, num passo de dança, tocou os céus e depois avistou toda aquela inútil paisagem, enquanto um anjo quebrava a casca inútil das horas (como disse o mesmo poeta que um dia citou o dançar da menina)

Alguém espirrou. O vento soprou, despreocupado. Ali no canto, o barulho de alguns copos descartáveis. Era uma garoa mesmo, ou apenas o sereno? Cinco pras seis... Ali, uma linha limite entre todo mundo que acabou de dormir e quem já estava pra acordar esperando apenas o primeiro fio de cor despontar no horizonte.

E ela ali, só. Indiferente a tudo e a todos... Desde aos meio-fios das calçadas que cercavam o circo, rodeando as ruas que não levavam pra canto nenhum... Até o canto de alguns pássaros que ali também não havia... Dançava

E contemplava a pior morte que conhecera: a morte do amor pela indiferença, e não por ele mesmo.

[... e a propósito, as flores da foto são lírios. Olhai.






Um comentário:

Unknown disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.