quinta-feira, 12 de maio de 2011

Escritos de Viagem No. 2


Da criação do mundo

Um Deus sem deuses viajava vazio pelos ventos cintilantes que sussurravam um semblante de outrora. Não havia tempo ou pensamento; tudo era infinito, tudo era intenso e maleável. Nada era dito ou cantado; não havia palco, não havia estrada. Não havia chão. E então se fez o primeiro gesto orquestral, a primeira grande e divina sensação, que mais tarde seria repartido com tudo quanto fosse inventado: a Solidão.

Mas, de repente, um brilho! Que seria? Apenas uma metáfora distante, fria e cinzenta. Quase cadente; ciente da queda pungente, mas que, de longe, seria chamada de estrela. Era o resquício de uma aquarela, era uma sinfonia em movimento e, por mais que se procurasse, nada ali se conseguia alcançar. Tudo era distante, embora distância não existisse de fato, e mesmo o fato, em si, sendo latente.

Então, inobstante e distante, se fez o que não se sabia ter vindo antes ou depois do primeiro sentimento. O Desejo.

Pois o Deus sem deuses, nômade e viajante, vagou solitário pelo breu profundo de seu próprio Desejo. Já havia criado o bastante para ser divino, já havia transposto Arte a partir do Nada. Teve Medo. E num espasmo titânico, em sua loucura arquitetônica...

Criou o mundo.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Escritos de Viagem No. 1

Foi só um olhar - todo o palco foi montado. Luz no picadeiro - ela já não estava mais lá.
O quadro de cena e o quadrado mágico;
O quarto de tom.
E tudo agora era saudade...